quarta-feira, 30 de março de 2011

Bitolinhazinha - A locomotiva Parte I

 Minha experiência na maquete em escala HO foi muito boa,tive alguma facilidade por causa de meus conhecimentos de carpintaria e eletrônica mesmo sendo muito primitivos,depois de "terminada" liguei o trem muitas vezes,a composição rodando naquele cenário típico de uma área rural me agradou muito mas a bitola do trem ainda me incomodava até que descobri a fabricante norte americana Bachmann,essa empresa fabrica trens em diversas escalas entre elas a N (1:160),HO (1:87) e On30 (1:48 com bitola estreita equivalente a real 762 mm).Só de ler já sabia que a locomotiva que eu tanto desejava poderia ser uma On30,baixei o catálogo no site do fabricante e encontrei uma American 4-4-0 outside-frame muito parecida com as da bitolinha e num fórum li que a locomotiva 22 de São João del-Rei serviu de protótipo para o modelo em escala.Pronto,tive que economizar dinheiro mais uma vêz para encomendar a tal locomotiva,encomenda essa que foi feita a loja Brasil Hobbies (excelente e muito competente no que faz).Como viria dos EUA,aproveitei o tempo de espera de cerca de um mês para pesquisar sobre as 4-4-0 outside-frame da bitolinha para decidir qual esquema de pintura eu faria na minha máquina,minha idéia inicial seria pintá-la como a 22 mas o Welber do blog Trilhos do Oeste me disse que as medidas da Bachmann fugiam um pouco do modelo da 22 mas que daria para eu pintá-la com as locomotivas 19 (que está em Curitiba),20 (que está em BH) ou a 21 (que está em São João del-Rei),escolhi a 21,só restava escolher entre os esquemas de pintura da EFOM,RMV,VFCO ou RFFSA,queria muito reproduzir o esquema da EFOM,mas como não tenho equipamentos adequados para pintura e tudo seria feito a mão,decidi fazer um esquema que na verdade não se encaixa em nenhum padrão oficial dessas operadoras que foi um que a locomotiva 21 usou no início dos anos 1980,nessa época a RFFSA pintou um logo da Oeste de Minas de amarelo na cabine da 21 e seu maquinista a enfeitou com estrelas de metal perto do faról.Consegui algumas fotografias e comecei a modificação,abaixo estão algumas fotos desse primeiro processo,nas próximas postagens irei mostrar como modifiquei o limpa-trilhos,o tender entre outros ítens.


Locomotiva Bachmann American 4-4-0 escala On30 do jeito que chega da fábrica.

Locomotiva Bachmann American 4-4-0 escala On30 do jeito que chega da fábrica.

Tender da locomotiva Bachmann American 4-4-0 escala On30 do jeito que chega da fábrica.

Tender da locomotiva Bachmann American 4-4-0 escala On30 do jeito que chega da fábrica.

Locomotiva Bachmann American 4-4-0 escala On30 do jeito que chega da fábrica.


Começo da modificação,pintura das braçagens.Foto de Thiago Lopes de Resende.

Ferramentas de pintura,repare no limpa-trilhos original que será modificado mais tarde.Foto de Thiago Lopes de Resende.

Detalhe das peças.Foto de Thiago Lopes de Resende.

Tender com o friso pintado de amarelo,repare no cartão postal com a foto da locomotiva 21.Foto de Thiago Lopes de Resende.

Pintura do logotipo da Oeste de Minas na cabine,ficou um pouco tremida porque fiz a mão.Foto de Thiago Lopes de Resende.

Rodas guia pintadas e recolocadas na locomotiva,número 21 já pintado no tender.Foto de Thiago Lopes de Resende.

Locomotiva sem o limpa-trilhos e sem a tampa da caldeira que está passando por modificação.Foto de Thiago Lopes de Resende.

Os dois domos em cima da caldeira ainda estão com os frisos brancos.Foto de Thiago Lopes de Resende.

Minha sobrinha Giovana "pintando" o interior da cabine comigo.Foto de Thiago Lopes de Resende.

Tampa da caldeira modificada.Foto de Thiago Lopes de Resende.

Cabine removida para pintura de verde mais realístico do que o original de fábrica.Foto de Thiago Lopes de Resende.

Par de estrelas que serão usadas para os enfeites perto do faról.Foto de Thiago Lopes de Resende.

Enfeites de estrelas já colocados.Foto de Thiago Lopes de Resende.

Foto da locomotiva 21 original da bitolinha em São João del-Rei provavelmente no início dos anos 1980,repare nos enfeites com estrelas perto do faról.Autor desconhecido.

Locomotiva 21 com pintura comemorativa dos 100 anos da EFOM na estação de Prados em 1981. Foto Alberto del Bianco.

Locomotiva 21 em frente a rotunda de São João del-Rei em época natalina.Data e autor desconhecidos.

quinta-feira, 24 de março de 2011

O pessoal que não deixava o trem parar


 O que seria de um piloto de linha aérea sem o motorista do trator que reboca a aeronave antes do vôo?Simplesmente não daria pra ele voar.O mesmo acontece em uma ferrovia,não basta apenas ter a locomotiva,a linha,os vagões e o maquinista,existem alguns profissionais que raramente são lembrados mas suas funções dentro de uma ferrovia são de extrema importância,são eles os mecânicos,feitores,faxineiros,pessoal da via permanente,etc...
 Se uma locomotiva precisasse de manutenção era só chamar os mecânicos que eles resolviam,do mesmo modo que os trabalhadores de linha deixavam os latros,dormentes e desvios impecáveis.
 No ano passado eu frequentei alguns encontros de ferroviários da EFOM em São João del-Rei e todos os ex-maquinistas da bitolinha disseram que graças a turma da manutenção eles viajavam tranquilos pois não seria por falta de manutenção que o trem ficaria parado no meio de alguma viagem.Fiquem com algumas fotografias dessa turma que não deixava o trem parar...

Antigo Auto de Linha da bitolinha atravessando a Ponte do Rio Jacaré na linha do Paraopeba.Data e autor desconhecidos.


Locomotiva 60 da RFFSA com o guindaste engatado no fim do trem saindo de São João del-Rei pela linha de Antônio Carlos.Data e autor desconhecidos.

Trabalhadores com guindaste socorrendo uma locomotiva da bitolinha que tombou na linha.Data,local e autor desconhecidos.

Trabalhadores fazendo manutenção nas linhas em Ibituruna no início dos anos 1980.Foto do acervo de Hugo Caramuru.

Ferroviários (mecânicos,maquinistas,foguistas,etc...) na estação de São João del-Rei em maio de 1982.Autor desconhecido.

Ferroviários (mecânicos,maquinistas,foguistas,etc...) na rotunda de São João del-Rei em maio de 1982.Autor desconhecido.

Ferroviários (mecânicos,maquinistas,foguistas,etc...) na estação de São João del-Rei em maio de 1982.Autor desconhecido.

Ferroviários (mecânicos,maquinistas,foguistas,etc...) na estação de São João del-Rei em maio de 1982.Autor desconhecido.

Ferroviários (mecânicos,maquinistas,foguistas,etc...) na estação de São João del-Rei em maio de 1982.Autor desconhecido.

Ferroviários na estação de São João del-Rei em maio de 1982.Autor desconhecido.


Ferroviários (mecânicos,maquinistas,foguistas,etc...) na estação de São João del-Rei em maio de 1982.Autor desconhecido.

Ferroviários com a locomotiva Nº 21 na estação de São João del-Rei em maio de 1982.Autor desconhecido.

Ferroviários na estação de São João del-Rei em maio de 1982.Autor desconhecido.

Ferroviários em frente a locomotiva Nº 1 na estação de São João del-Rei provavelmente em maio de 1980.Autor desconhecido.

Ferroviários na estação de São João del-Rei em julho de 1980.Autor desconhecido.

Ferroviários na estação de São João del-Rei provavelmente em dezembro de 1980.Autor desconhecido.

Ferroviários no telhado da estação de São João del-Rei em abril de 1983.Autor desconhecido.

Ferroviários na estação de São João del-Rei em maio de 1982.Autor desconhecido.

Ferroviários trabalhando no girador da rotunda de São João del-Rei.Autor e data desconhecidos.

Ferroviários ao lado da locomotiva Nº 220 (bitola métrica) na rotunda de São João del-Rei.Autor e data desconhecidos.

Mecânicos em São João del-Rei.Autor e data desconhecidos.

Manutenção na locomotiva Nº 22 na oficina de São João del-Rei.Autor e data desconhecidos.

Ferroviários trabalhando na locomotiva Nº 68 na oficina de São João del-Rei.Autor e data desconhecidos.

Ferroviários trabalhando em um dos AMV's (desvio) da gare da estação de São João del-Rei provavelmente em 1984.Autor desconhecido.

Ferroviários em cima da locomotiva Nº 68 em São João del-Rei.Autor e data desconhecidos.

Trem VP (Via Permanente) retornando de algum trabalho entre São João del-Rei e Tiradentes.Foto de Bruno Campos.

domingo, 13 de março de 2011

A bitolinha e seu último serviço "significativo" antes da erradicação

 Muita gente inclusive eu de vêz em quando fica pensando em um motivo que justifique a paralização das operações comerciais da bitolinha em 1984.Não conheço uma pessoa que não sinta saudades ou tem curiosidade a respeito das viagens de trem no trecho entre Antônio Carlos e Aureliano Mourão (pra não extender a lista com Águas Santas,Barbacena,Lavras e Barra do Paraopeba).
 A ferrovia foi sendo erradicada aos poucos sendo a primeira parte o trecho de Barra do Paraopeba a Pompeu,alguns trechos foram alargados para bitola métrica,mas entre os principais motivos estavam o fato de uma locomotiva a vapor ser muito menos econômica do que uma a diesel,também pesou o fato de os mesmos locais atendidos pela ferrovia já estarem sendo conectados por estradas,só para se ter uma idéia o trem levava cerca de seis horas de Antônio Carlos até São João del-Rei e outras seis desta até Aureliano Mourão,é caro leitor você não leu errado,eram doze horas de viagem de Antônio Carlos até Aureliano Mourão,mas esse tempo todo é justificado facilmente se você procurar no programa Google Earth as marcas no terreno de onde ficava a linha da bitolinha,você vai reparar que haviam muitas curvas pra desviar de relevos altos evitando assim a construção de túneis,ou seja o trem não era um transporte rápido,talvêz por isso as pessoas estivessem preferindo viajar de ônibus ou carro,mas e as cargas?Bom,desde o começo o transporte de cargas sempre foi muito importante,os trens transportavam laticínios,tecidos,fumo,cereais,lenha,etc...
 Muita gente não sabe mas a bitolinha contribuiu e muito para a construção da Usina de Itaipu,mas como se ela está localizada sobre o Rio Paraná,na fronteira entre Brasil e Paraguai e a bitolinha jamais atravessou as divisas de Minas Gerais?Simples,os trens eram abastecidos com cimento em Barroso e chegando em Aureliano Mourão a carga era transferida para os trens de bitola métrica que seguiam para Maringá e de lá para a usina,porém com o término das obras as autoridades simplesmente deram a ordem para destruírem essa ferrovia centenária pois o trem já "não prestava mais" e era anti-econômico.Pois é,enquanto a ferrovia servia aos interesses do governo estava tudo certo,mas o governo não estava nem aí para a nossa história e o povo assistiu calado os dormentes e os trilhos sendo arrancados e a maioria das locomotivas sendo apagadas para sempre.
 As locomotivas a vapor podem até ser anti-econômicas,mas imagine se os trilhos tivessem sido preservados,poderiam fazer de vêz em quando trens especias para passeio ou turismo até Prados,Ibituruna,fazenda do Pombal,etc...
 A bitolinha veio para trazer o progresso,mas o progresso a destruiu.
 As fotos a seguir mostram como eram feitos os transportes de cimento da fábrica em Barroso até a baldeação em Aureliano Mourão,o último serviço cargueiro da bitolinha.
Trem dentro da fábrica de cimento Barroso.Foto de Vicente Ribeiro Thomaz.
vagões carregados de cimento na estação de Barroso.Autor desconhecido.
Locomotiva 40 com trem carregado de cimento na estação de Barroso.Autor desconhecido.
Locomotiva 40 com trem carregado de cimento na estação de Barroso.Autor desconhecido.
Até a locomotiva 22 transportava cimento,aqui ela está manobrando na estação de Barroso.Autor desconhecido.
A locomotiva 22 na estação de Barroso com a carga de cimento no "lombo" pronta para a viagem.Autor desconhecido.
Locomotiva 55 manobrando em Barroso.Autor desconhecido.
Reparo de última hora na locomotiva 41 no pátio da estação de Barroso.Autor desconhecido.
Saindo de Barroso o trem passava pela estação Engenheiro Pedro Magalhães.Foto de Paul Waters.

Trem com tração dupla liderado pela locomotiva 38 passando pela estação de Prados.Autor desconhecido.

Trem de cimento com locomotiva 37 passando pela estação de Tiradentes.Autor desconhecido.
A estação de São João del-Rei era parada obrigatória,não tinha como os trens passarem direto por ela,primeiro as locomotivas tinham que fazer a monobra no girador ou no triângulo de reversão para somente depois seguir para Aureliano Mourão,aqui a locomotiva 41 está com uma carga de cimento pronta para viagem em 1982.Autor desconhecido.
Trem com locomotiva 62 da bitolinha aguardando o trem da bitola métrica para a baldeação da carga de cimento na estação de Aureliano Mourão em 1979.Foto de Herbert Graf.
Trens com locomotivas da bitolinha e da bitola métrica prontas para a baldeação da carga de cimento na estação de Aureliano Mourão em 1979,depois a carga seguia para o estado do Paraná para ser usada na construção da Usina de Itaipú.Foto de Herbert Graf.