domingo, 28 de agosto de 2011

Estrada de ferro Oeste de Minas - 130 anos da inauguração

 Continuação da postagem anterior...

 Depois de todos os preparativos que aconteceram no sábado dia 27-08-1881 finalmente é chegado o dia da inauguração da ferrovia.Domingo dia  28 de agosto de 1881,na estação de Sítio todos aguardam a chegada do imperador Dom Pedro II e sua comitiva,eles chegam antes das 06:00h da manhã no trem da E.F. Dom Pedro II (Central do Brasil),um trem mais que especial da EFOM já está na estação,a locomotiva que irá tracioná-lo na viagem inaugural será a Nº 1,uma Baldwin American do tipo Montezuma com configuração inside-frame (sem contra-balanços) e o maquinista que terá a honra de conduzí-la será o Sr. Felipe Marcheti (uma vila e uma rua em São João del-Rei levam seu nome).
 Após a benção da nova estrada de ferro,a primeira genuinamente mineira,o trem deixa a estação de Sítio e parte para a outra ponta da linha,ou seja,São João del-Rei,dá até para imaginar a euforia das pessoas vendo pela primeira vez o tal "cavalo de ferro" soltando fumaça pelos verdes campos de Minas Gerais.
 O trem finalmente chega a São João del-Rei à noite,o apito e o sino da locomotiva anunciavam a chegada dos ilustres passageiros,depois do desembarque na estação de São João del-Rei a cerimônia ainda continuou com queima de fogos e apresentação da banda.
 Tudo ocorreu com o esperado e estava inaugurada a Estrada de Ferro Oeste de Minas.
 O restante da linha que culminaria em Barra do Paraopeba seria construída e inaugurada poucos anos mais tarde.
 Cem anos mais tarde,em 28 de agosto de 1981 foi inaugurado o museu ferroviário e a peça principal de seu acervo é a locomotiva Nº 1 que inaugurou a ferrovia,tal evento contou com a presença de descendentes da família Baldwin que vieram conferir o local com o maior número de locomotivas Baldwin's em plena atividade,vale lembrar que a linha da bitolinha da EFOM não é a única do mundo em bitola de 76 cm como dizem,é sim a única do Brasil,também não é a ferrovia mais antiga em funcionamento,é sim a mais antiga em funcionamento ininterrupto do mundo,outro fato que deve ser lembrado é que muitas pessoas e inclusive a mídia dizem que o trem turístico de São João del-Rei é "puxado por locomotivas da época do império",isso é a maior mentira pois as locomotivas que tracionam o trem turístico hoje foram fabricadas entre 1908 e 1919,ou seja,o Brasil já era uma república,mas existem locomotivas imperiais "preservadas" em São João del-Rei.

Fonte de pesquisa: "Uma Viagem pelos Trilhos da Centro Oeste" de Ricardo Coimbra  (ótimo livro)

Inauguração da EFOM (provavelmente a cerimônia de assinatura).Acervo do Arquivo Público Mineiro.

A locomotiva N° 1 na fábrica em abril de 1880.Foto Baldwin Locomotive Works.

A Nº 1 em 1972 como monumento estático na sede da Viação Férrea Centro-Oeste (VFCO) em Belo Horizonte.Foto de Guido Motta

A Nº 1 colocada na carreta que a traria de volta a São João del-Rei em 1979.

A Nº 1 em São João del-Rei em 1980,pouco antes de ser levada ao museu.Autor desconhecido.

A Nº 1 dentro do museu em 2010.Foto de Thiago Lopes de Resende.
 


sábado, 27 de agosto de 2011

Véspera dos 130 anos da EFOM

 Sábado 27 de agosto de 2011,apenas mais um dia que vai passando rapidamente,é nada de mais,mas imaginem um mesmo sábado dia 27 de agosto exatamente 130 anos atrás,isso mesmo por coincidência o dia 27 de agosto de 1881 também caiu num sábado,mas o que tem essa data de tão especial?
 Os primeiros ferroviários da recém criada "Companhia Estrada de Ferro Oeste de Minas" nesse dia deveriam estar apreensivos pois se tratava da véspera da inauguração oficial da estrada de ferro,de Sítio (Antônio Carlos) a São João del-Rei todas as estações,lugares estavam sendo preparados para a viagem inaugural da primeira ferrovia de Minas Gerais (lembrando que até a criação da EFOM todas as ferrovias que adentravam o território mineiro pertenciam a outros estados),tudo deveria ocorrer como o esperado,a locomotiva,os carros,os vagões,os trabalhadores,etc,nada poderia falhar no dia seguinte.
 A estação mais antiga da EFOM era a estação de Sítio que foi aberta pela Estrada de Ferro Dom Pedro II (Central do Brasil) em 21 de março de 1878 mas as primeiras estações construídas pela EFOM foram as de Padre Brito (ilhéus) e Barroso ambas inauguradas em 30 de setembro de 1880 quando os trens começaram a trafegar auxiliando nos testes,o trecho até Barroso era de 49 Km e depois foi extendida até São João del-Rei.
 Quando a linha chegou até São João del-Rei a EFOM já havia construído mais estações ou paradas no trecho,então por ordem de quilometragem a sequência era, Sítio no Km 0;Padre Brito no Km 23,3;Barroso no Km 48,8;Prados no Km 67,8;São José del-Rei (Tiradentes) no Km 85,6;Casa de Pedra no Km 88,5 e São João del-Rei no Km 98,4 desta lista apenas as estações de Sítio,Padre Brito e Barroso haviam sido inauguradas antes,o restante foi inaugurado juntamente com a linha até São João del-Rei.
 Um fato curioso era a declividade da linha nesse trecho de quase 100 Km,de São João del-Rei até Sítio a linha subia 179 metros sendo o trecho próximo a Padre Brito o mais inclinado.

Continua... 

1- Sítio

2- Padre Brito

3- Barroso

4- Prados



5- São José del-Rei
6- Casa de Pedra
7- São João del-Rei








domingo, 21 de agosto de 2011

O típico trenzinho rural

 Saudações amigos,sei que já faz muito tempo que não posto nada no blog,na verdade é muito difícil conseguir material sobre a bitolinha da EFOM,muitos arquivos não são compartilhados,muitas coisas já se perderam ou estão guardadas à sete chaves,enfim o que apresentarei hoje são algumas fotografias de um trem misto no fim do trecho (na época dessas fotos o fim da linha era o Posto PBA),elas parecem ter sido tiradas em um dia calmo que poderia ser um dos últimos momentos dessa linha centenária,podemos notar claramente a falta da movimentação típica dessas estações.
 A estação de Aureliano Mourão foi uma das mais importantes da linha juntamente com São João del-Rei,Antônio Carlos,Ribeirão Vermelho,Divinópolis,etc...era uma estação típica de lugares grandes porém ficava escondida no meio do mato,era do tipo triangular (a segunda que foi erguida nos anos 40 pois a estação antiga era semelhante a de Álvaro Botelho).
 Pelas fotos podemos ver a quantidade de curvas que essa linha desenhava pelos campos de Minas Gerais,devia ser muito prazeroso fazer uma viagem de Maria-Fumaça até esses lugares,até a revista Quatro Rodas percorreu alguns trechos dessa linha no começo dos anos 1980 para divulgar o turismo na região,mal sabiam que poucos anos depois daquela matéria os políticos acabariam com tudo aquilo.Até hoje as pessoas não se deram conta da importância dessa ferrovia,ela não é a única ferrovia de bitola de 76 cm do mundo como dizem,mas é a única com essa bitola no Brasil.Ferrovias de bitola estreita sempre despertam a curiosidade das pessoas,a composição parece se equilibrar em cima dos trilhos.Quanto ao zêlo pelo patrimônio,o Brasil não é exemplo para nenhum país,parece que o descaso e a corrupção vieram no pacote chamado República.
 O trem fazia o mesmo papel do caminhão do leite,dos Correios,entre outras coisas,mas resolveram acabar com a linha para a ceder lugar as rodovias e estradas,só que não é bem isso que aconteceu,muitos lugares por onde passava a linha da bitolinha ficaram isolados sem ao menos uma estradinha de terra que preste.
 Meu avô ia pra roça de trem,ia trabalhar de pedreiro de trem,ia pescar de trem,ia simplesmente passear de trem e ele me diz que sente saudades dessa época,mas eu jamais saberei como ele se sentia nessas viagens longas passando por casinhas rurais e fazendas...

Ponte do Inferno vista de cima.Autor desconhecido.

Pátio de Aureliano Mourão.Autor desconhecido.

Pátio de Aureliano Mourão.Autor desconhecido.

Pátio de Aureliano Mourão.Autor desconhecido.

Pátio de Aureliano Mourão.Autor desconhecido.

Pátio de Aureliano Mourão.Autor desconhecido.

Pátio de Aureliano Mourão,destaque para a linha de bitola mista de 76 cm e 1 metro.Autor desconhecido.

Interior da estação de Aureliano Mourão.Autor desconhecido.

Saindo para o Posto PBA perto de Aureliano Mourão.Autor desconhecido.

Provavelmente a caminho do Posto PBA.Autor desconhecido.

Trem parado no Posto PBA,note o maquinista (ou foguista) lubrificando a locomotiva 37.Autor desconhecido.

Locomotiva 37 no Posto PBA.Autor desconhecido.

Baldeação de passageiros no Posto PBA.Autor desconhecido.