domingo, 13 de março de 2011

A bitolinha e seu último serviço "significativo" antes da erradicação

 Muita gente inclusive eu de vêz em quando fica pensando em um motivo que justifique a paralização das operações comerciais da bitolinha em 1984.Não conheço uma pessoa que não sinta saudades ou tem curiosidade a respeito das viagens de trem no trecho entre Antônio Carlos e Aureliano Mourão (pra não extender a lista com Águas Santas,Barbacena,Lavras e Barra do Paraopeba).
 A ferrovia foi sendo erradicada aos poucos sendo a primeira parte o trecho de Barra do Paraopeba a Pompeu,alguns trechos foram alargados para bitola métrica,mas entre os principais motivos estavam o fato de uma locomotiva a vapor ser muito menos econômica do que uma a diesel,também pesou o fato de os mesmos locais atendidos pela ferrovia já estarem sendo conectados por estradas,só para se ter uma idéia o trem levava cerca de seis horas de Antônio Carlos até São João del-Rei e outras seis desta até Aureliano Mourão,é caro leitor você não leu errado,eram doze horas de viagem de Antônio Carlos até Aureliano Mourão,mas esse tempo todo é justificado facilmente se você procurar no programa Google Earth as marcas no terreno de onde ficava a linha da bitolinha,você vai reparar que haviam muitas curvas pra desviar de relevos altos evitando assim a construção de túneis,ou seja o trem não era um transporte rápido,talvêz por isso as pessoas estivessem preferindo viajar de ônibus ou carro,mas e as cargas?Bom,desde o começo o transporte de cargas sempre foi muito importante,os trens transportavam laticínios,tecidos,fumo,cereais,lenha,etc...
 Muita gente não sabe mas a bitolinha contribuiu e muito para a construção da Usina de Itaipu,mas como se ela está localizada sobre o Rio Paraná,na fronteira entre Brasil e Paraguai e a bitolinha jamais atravessou as divisas de Minas Gerais?Simples,os trens eram abastecidos com cimento em Barroso e chegando em Aureliano Mourão a carga era transferida para os trens de bitola métrica que seguiam para Maringá e de lá para a usina,porém com o término das obras as autoridades simplesmente deram a ordem para destruírem essa ferrovia centenária pois o trem já "não prestava mais" e era anti-econômico.Pois é,enquanto a ferrovia servia aos interesses do governo estava tudo certo,mas o governo não estava nem aí para a nossa história e o povo assistiu calado os dormentes e os trilhos sendo arrancados e a maioria das locomotivas sendo apagadas para sempre.
 As locomotivas a vapor podem até ser anti-econômicas,mas imagine se os trilhos tivessem sido preservados,poderiam fazer de vêz em quando trens especias para passeio ou turismo até Prados,Ibituruna,fazenda do Pombal,etc...
 A bitolinha veio para trazer o progresso,mas o progresso a destruiu.
 As fotos a seguir mostram como eram feitos os transportes de cimento da fábrica em Barroso até a baldeação em Aureliano Mourão,o último serviço cargueiro da bitolinha.
Trem dentro da fábrica de cimento Barroso.Foto de Vicente Ribeiro Thomaz.
vagões carregados de cimento na estação de Barroso.Autor desconhecido.
Locomotiva 40 com trem carregado de cimento na estação de Barroso.Autor desconhecido.
Locomotiva 40 com trem carregado de cimento na estação de Barroso.Autor desconhecido.
Até a locomotiva 22 transportava cimento,aqui ela está manobrando na estação de Barroso.Autor desconhecido.
A locomotiva 22 na estação de Barroso com a carga de cimento no "lombo" pronta para a viagem.Autor desconhecido.
Locomotiva 55 manobrando em Barroso.Autor desconhecido.
Reparo de última hora na locomotiva 41 no pátio da estação de Barroso.Autor desconhecido.
Saindo de Barroso o trem passava pela estação Engenheiro Pedro Magalhães.Foto de Paul Waters.

Trem com tração dupla liderado pela locomotiva 38 passando pela estação de Prados.Autor desconhecido.

Trem de cimento com locomotiva 37 passando pela estação de Tiradentes.Autor desconhecido.
A estação de São João del-Rei era parada obrigatória,não tinha como os trens passarem direto por ela,primeiro as locomotivas tinham que fazer a monobra no girador ou no triângulo de reversão para somente depois seguir para Aureliano Mourão,aqui a locomotiva 41 está com uma carga de cimento pronta para viagem em 1982.Autor desconhecido.
Trem com locomotiva 62 da bitolinha aguardando o trem da bitola métrica para a baldeação da carga de cimento na estação de Aureliano Mourão em 1979.Foto de Herbert Graf.
Trens com locomotivas da bitolinha e da bitola métrica prontas para a baldeação da carga de cimento na estação de Aureliano Mourão em 1979,depois a carga seguia para o estado do Paraná para ser usada na construção da Usina de Itaipú.Foto de Herbert Graf.

9 comentários:

  1. bons tempos foram estes será que vou ver estas locomotivas rodando em Barroso? sera?

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  2. Isso é quase impossível no que depender das autoridades,mas pelo menos eles não podem impedir a gente de sonhar.
    Fique de olho que ainda tem muitas fotos de Barroso para matar a saudade ou curiosidade de todos.

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  3. Pois é Rodrigo,deveria ter sido uma época muito boa.

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  4. thiago tenho vontade de fazer uma maquete da estação de Barroso usando um antigo ferrorama que tenho mas presiso do mapa das linhas será que vc pode me ajudar?

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  5. Estou com um problema parecido,quero fazer a réplica da estação de Congo Fino pra minha maquete mas até agora não consegui nenhuma foto da fachada dela.Infelizmente não tenho a planta do pátio de Barroso,mas talvêz possam te ajudar nesses links http://www.oestedeminas.org/ ou http://trilhosdooeste.blogspot.com/ ,esse pessoal tem um grande acervo de documentos e já me ajudaram muito.

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  6. thiago a distancia dos trilhos do ferrorama e a mesma dos trens de maquetes pois tenho muitas linhas e desvios mas as locomotiva são diferentes da Efom queria montar uma maquete com essas linhas e depois comprar as locomotivas da Efom tem jeito

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  7. Pelo que sei até a bitola do ferrorama da Estrela é diferente dos trens elétricos,na verdade são "brinquedos" completamente diferentes,no famoso ferrorama os trilhos são de plástico e a locomotiva funciona com duas pilhas médias já nos trens elétricos os trilhos são de metal e os dormentes de plástico e a locomotivas capta energia pelas rodas em contato com os trilhos,um transformador é conectado nos trilhos e com a variação de voltagem de 0 a 16 volts consegue-se controlar a velocidade e sentido do trem,ou seja,só de não precisar comprar pilhas já é um grande passo.No meu aniversário de 1 ano ganhei um ferrorama dos meus avós,ferrorama é um clássico,mas os trens elétricos são mais realistas.
    Minha dica é que se você quiser começar a montar uma maquete de trem elétrico,compre uma caixa básica da Frateschi (existem várias opções).Fique atento ao blog que irei publicar algo sobre a minha outra maquete,acho que você vai gostar.

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  8. Em 1976 viajei de Antônio Carlos até São João Del Rei, foi uma viaje maravilhosa, porem em 1979 comecei a trabalhar na então Cia de Cimento Portland Barroso/Paraíso, os movimentos dos trens eram enorme, principalmente com transporte de cimento com destino a Usina de Itaipu.
    Já em 1984, foi desativada, o desmanche, ou seja, a retirada dos trilhos e dormente foi com uma rapidez incrível, moro perto do Km 48, na época nenhum político prefeitos não se manifestou, no meu ponto de vista o trecho de Antônio Carlos até SÃO João Del Rei deveria ficar intacto, devido este trecho ter sido inaugurado pelo Imperador D. Pedro II.

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